Mais uma decisão, mais uma derrota e o torcedor gremista mal lembra da última vez que gritou comemorando um título. Se pensar em conquistas verdadeiras, aquelas que valorizam a imagem do clube perante aos demais no país então, essa lembrança inexiste a torcedores juvenis. Muitos prestes a entrar na adolescência, o máximo que conquistaram foram raros campeonatos regionais, em que o único adversário de mesmo nível é o Inter, mas que mesmo assim, em alguns anos não teve o tricolor na decisão do título. As desculpas são as mais variadas, os resultados porém sempre os mesmos.
Nos últimos doze anos o estado e em particular a nação gremista viu surgir e crescer dois fenômenos que estão ano a ano diminuindo o clube. O primeiro foi o surgimento da torcida intitulada Geral do Grêmio e o segundo a rivalidade entre dois grandes presidentes da história do clube, Fábio André Koff e Paulo Odone de Araújo Ribeiro.
A torcida teve seu surgimento em uma das piores fases dos até então 102 anos de vida. Rebaixado a Série B pela segunda vez, o clube apoiou-se no único ativo que ainda detinha, mas somente por ser impossível de ser penhorado, os torcedores. Foi com o apoio maciço destes que a campanha da Série B em 2005 chegou ao fatídico jogo contra o Náutico (me recuso a chamar pelo nome como ficou conhecido o confronto pois este foi o terceiro mal da década). Pois durante série de jogos alguns torcedores, inspirados nas inchadas argentinos, começaram a criar canções de apoio ao time e juntar-se atrás da goleira que ficava a direita da social. Com o acesso em um jogo que contou com a incompetência do adversário, mais e mais torcedores foram se identificando com a filosofia e o grupo foi crescendo, vindo a se tornar uma torcida organizada. Com o fenômeno das redes sociais, não foi difícil este aumento, porém junto com ele surgiram algumas lideranças que nem sempre tiveram o discernimento necessário para lidar com o poder que passaram a ter. O resultado disso foram conflitos dentro e fora de estádios, que resultaram em centenas de feridos e até mortos. Hoje cantam as canções, mas raramente se ouve no estádio o maior canção que embalou conquistas na década de 90, o hino do Grêmio. Enquanto estes torcedores invictos, não ganharam nada desde o surgimento desta torcida, estiverem atuando junto a direção, alguns já estão presentes no conselho do clube, haverá discórdia e o clube não voltará a ser grande.
No mesmo ano do retorno à elite, ressurge o presidente Odone. Depois de gestões anteriores medíocres, consultem o significado da palavra antes de criticar, há de se reconhecer o mérito de assumir o clube quando ninguém mais o faria. Completamente endividado e sem perspectivas de mudanças. O clube sofria com o resultado direto das ações trabalhistas do período ISL. Eram condenações em sequência de ações para pagamento de quantias consideráveis. Por estar bem assessorado e ter personalidade para enfrentar os credores, foi criado um fundo de parcelamento, chamado de condomínio. cada vez que algum jogador fosse vendido, parte do valor amortizava a dívida. Praticamente todos os credores aceitaram o parcelamento como forma de acordo e o clube passou a respirar sem a ajuda de aparelhos. Ao longo de 2005, foi possível contratar jogadores que atendessem as necessidades de um grande clube e fortalecer um grupo formado por restos e renegados, únicos que aceitaram vestir a camisa do Grêmio. Com o acesso daquela maneira o clube voltou a crescer, o quadro de associados surgiu como nova forma de entrada de dinheiro. Como o clube entrou em ascensão era necessário planejar o futuro e com as boas campanhas no Brasileiro de 2006 e na Libertadores de 2007, ano que foi anunciado que o país seria sede da Copa de 14, surgiu então a ideia de construção de um novo estádio. A forma como tudo foi conduzido e as vantagens financeiras teoricamente obtidas por pessoas ligadas ao projeto vou deixar de fora por não ter provas, apesar de ter muitos indícios. O fato é que ao final de 2012, ano do último mandato de Paulo Odone foi entregue pela "parceira OAS" Incompleta e com um gramado criticado ela maioria dos jornalistas que fizeram a cobertura do evento, a obra que seria terminada meses mais tarde, só foi inaugurada pela prepotência e soberba do presidente que teve a louvável ideia, mas não a soube conduzir de maneira que deixou o clube com dívidas que inviabilizam o departamento de futebol, razão de existência da agremiação.
Depois de uma briga política, dois meses antes da inauguração Fábio Koff foi eleito coma promessa de conquistar títulos, mas diante das dificuldades financeiras e das mudanças do futebol, no período em que esteve afastado do clube, cuidando do Clube dos 13 e ensinando Fernando Carvalho a ser campeão mundial, não obteve êxito e com mais esta derrota nas oitavas de final da Libertadores aliada à falta de recursos, deve terminar seu mandato sem conseguir cumprir sua principal promessa de campanha.
É tempo de o Grêmio voltar a ser aquele clube que os adversários temiam enfrentar, por ter um estádio com muita torcida, uma torcida que não precisa de comando para apoiar o time. Um clube unido no intuito de mesmo nas dificuldades enfrentar adversários mais poderosos financeiramente, mas nunca com mais vontade de vencer. De jogadores que não eram chamados de craques, mas que transpiravam confiança e determinação em obter resultados. De dirigentes que quando necessário brigavam pelos interesses do clube com que fosse. Falta ao Grêmio voltar a suas origens, e hoje não sei se há no clube, entre o mesmos dirigentes que sempre tem seus nomes cogitados em períodos pré-eleitorais, alguém que ainda lembre de como se forma um grupo vencedor e tenha coragem de fazê-lo na atual situação do clube.
Nenhum comentário:
Postar um comentário