Hoje pela manhã o que todos já previam depois da derrota de ontem para o Vasco se confirmou a demissão de Dunga e sua comissão técnica. O futebol é dinâmico, ainda esta semana um diretor de futebol deu entrevista afirmando que demitir o treinador agora seria jogar para a torcida, parece que ou mudou a opinião da direção colorada, ou o dirigente foi ignorado. Seria muito difícil resistir a uma derrota para uma equipe fraquíssima como o Vasco se mostrou ontem. Mas não acho que Dunga seja culpado.
Começo lembrando que o treinador foi aposta do presidente Giovanni Luigi que o contratou, para apagar a imagem da má campanha do ano passado, antes mesmo de definir a direção de futebol, ou seja abriu canal direto presidente -> treinador e depois até tentou colocar interlocutores, mas em vão, Dunga não ouvia os diretores de futebol.
Dunga chegou com a missão de juntar os cacos do vestiário e o fez com maestria, blindou tanto que ninguém mais conseguiu entrar. Pelo contrário vários saíram de lá e alguns do clube, por divergências com o técnico da equipe principal. Mas parece que a mobilização acabou.
O relacionamento com a imprensa não é bom. A princípio isso não influenciaria muito, mas o desgaste aos poucos foi ruindo a imagem do treinador, que passou a perder defensores e quando os resultados desapareceram as críticas foram constantes. Aqui cabe uma ressalva: Dunga tem uma briga histórica com a imprensa desde que após a Copa de 1990, na seleção brasileira houve o rotulamento de "Era Dunga" e isso ainda não foi superado pelo capitão do tetra.
Há um erro claro de planejamento no futebol. Rodrigo Moledo e Fred, jovens que eram os fiéis da balança nas atuações do primeiro semestre foram negociados e reposições não vieram. Mostra que a venda não foi planejada, como vinham sendo administradas no futebol colorado, quando geralmente o substituto do jogador negociado já estava no Beira Rio. Resultado prático, perda de poder de combate e intensidade dentro do gramado.
Muitos não concordam com isso, e entendo que a compreensão é difícil, mas o Inter depende de D´Alessandro e na ausência dele o time se torna muito inferior. É necessário um esquema que não seja tão dependente do meia argentino para que na ausência, ou quando ele for muito bem marcado, o time tenha alternativas de jogo. Mas desapegar de um ídolo é extremamente complicado e explicar isso ao torcedor então é políticamente impossível. Ninguém quer ficar marcado como o dirigente que mandou um dos maiores jogadores da história do clube embora.
Por fim a maior culpa do técnico, não ter armado seu time melhor defensivamente. No Gauchão, os clubes do interior não importunaram a zaga que ainda contava com Moledo, mas veio o Campeonato Brasileiro e a saída do zagueiro para a Ucrânia, resultado prático: vazamentos múltiplos. Porém o ataque vivia grande fase e resultados como a vitória de 5x3 contra o Vasco em Caxias do Sul foram considerados como normais pela comissão técnica. Se já naquela época Dunga adotasse uma cautela defensiva maior, ele ainda estaria empregado. A defesa colorada tem números semelhantes a de equipes da zona de rebaixamento e quando o ataque deixou de marcar o barco afundou. O comandante deveria ter prestado mais atenção a estes pequenos vazamentos.
A direção também tem culpa na escolha, ou indefinição, da casa colorada no Brasileirão. Começou em Caxias, no Centenário. Como o ataque ainda fazia gols, os resultados ainda apareciam e os jogadores pediram a vinda para Novo Hamburgo diminuindo a viajem, foram atendidos. Porém com a vinda para o Estádio do Vale vieram a série de maus resultados e a culpa foi atribuída a tudo menos ao time. A direção, sem poder de ação teve de acatar a desculpa e voltar ao Centenário. Porém antes mesmo da volta à serra o técnico foi substituído, muito em função da pressão externa. A direção colorada transfere ao time dentro de campo a sua organização e como podemos ver, deixa muito a desejar para um clube como o Inter.
O maior exemplo dessa organização aconteceu ontem no episódio Grenal. Giovani Luigi autorizou o presidente da FGF a negociar a realização do Grenal do segundo turno em Cascavel no Paraná, em troca de uma boa receita. Francisco Noveletto concedeu entrevista coletiva em Cascavel falando sobre a partida e confirmou o jogo. Porém o presidente colorado não havia consultado seus pares e acabou sendo "convencido" a voltar atrás. Grenal a princípio será em Caxias, mas a forma como isso foi decidido é a cara da direção do Inter que busca agora um treinador para fritar. Quem chegar que esteja ciente disso.
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